Os sorrisos por trás das máscaras

Os sorrisos por trás das máscaras

Equipes do Hospital de Clínicas utilizam fotos sobre o avental para que pacientes identifiquem os rostos por trás das máscaras.

A pandemia do coronavírus modificou as relações em todo o mundo, tornando o distanciamento necessário para a proteção de todos. A relação entre os profissionais de saúde e pacientes também sofreu mudanças, já que os equipamentos de proteção (máscaras, óculos, aventais, luvas, etc.), itens indispensáveis a quem atua no tratamento da COVID-19, tornam as pessoas que estão em contato com os pacientes, muitas vezes, irreconhecíveis.

Para diminuir este distanciamento, o Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo adotou uma iniciativa inspirada em ações de equipes de atendimento ao coronavírus de outros países e que está aproximando os profissionais e pacientes. As fotos de cada profissional da equipe foram impressas e fixadas nos aventais para que os pacientes identifiquem quem está por trás da máscara e dos demais equipamentos de proteção. “As fotos foram uma forma adorável de nos identificar e amenizar um pouco a seriedade e tensão que fica o tempo todo pairando no ar. Começando que entre nós, da equipe, nos divertimos conhecendo o colega que há por detrás daquela máscara. Esta campanha favoreceu ainda mais o cuidado humanizado que prestamos aos nossos pacientes, pois através dela, estamos mostrando aos pacientes que somos seres iguais a todo mundo.” salienta a fisioterapeuta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI2) de atendimento à COVID, Naiara Pereira.

A enfermeira da UTI2, Vera Regina De Marco também avalia o projeto positivamente. “A campanha auxilia na personificação dos cuidadores proporcionando a criação de vínculos entre os profissionais e os pacientes. Com a paramentação todos os profissionais parecem iguais aos olhos dos pacientes, e com o uso da foto eles conseguem perceber que por trás dos EPIs existem pessoas que cuidam de pessoas.” explica. 

União de propósitos tornou a ação possível

Unindo forças para este momento de pandemia, o Grupo Foto Sul, através do diretor de produto, Rodrigo Scortegagna, juntamente com o Hospital de Clínicas iniciaram a ação “Sorriso por trás da máscara” com o intuito de que os pacientes internados pela COVID-19 recebam o calor do sorriso e conheçam os rostos de quem os atende diariamente. “Nós da Foto Sul acreditamos que a fotografia tem um papel transcendental, que além de materializar momentos, ela tem a missão de passar sentimentos. E é o que a gente precisa nesse momento, precisamos passar sentimentos de segurança e de confiança para estes pacientes e para estes profissionais que estão encarando neste momento difícil. E nada melhor do que a nossa foto retrô para materializar o sorriso e o sentimento destes profissionais.” esclarece Rodrigo. 

O Grupo Foto Sul preparou um envelope personalizado com uma cartinha carinhosa e um imã de geladeira com a mesma foto que está no crachá para que este momento seja recordado nas suas casas para sempre. “Quando o Rodrigo me procurou para realizar esta ação, já visualizei a grande diferença que teríamos quando os pacientes vissem os sorrisos nos crachás. A Comunicação do HC está diretamente ligada a mostrar esse momento que vivemos com a maior humanização possível e o projeto veio de encontro para rechear tudo isso! Além do grande valor para cada membro da equipe, estamos encantados com o resultado!” enfatiza a coordenadora de comunicação do HC, Fernanda Marini.  

 Os fotógrafos convidados Diogo Zanatta e Anelise Piccini retrataram as equipes voluntariamente. O momento da entrega dos novos “crachás” de identificação foi também registrado pelo fotógrafo Diogo Zanatta e revelou a alegria entre os profissionais ao reconhecerem o rosto de cada colega novamente. 

A descoberta de quem está por trás da máscara 

Descobrir quem está por trás da máscara auxilia também na construção de uma relação mais humanizada e torna o atendimento mais acolhedor. “Depois que começamos a utilizar os crachás com a foto, eles nos recebem sorrindo! Dão uma breve olhadinha no crachá para ver quem é o profissional que está chegando perto, e nos reconhecem com muito mais facilidade. Parece que quebrou-se uma barreira visual e de contato deles em relação a gente, onde agora eles nos veem mais próximos e reais, e não como seres “mascarados”, como havia me dito um paciente.” conta a fisioterapeuta Naiara.

Durante o período de isolamento pela doença, os profissionais de saúde se tornam também a companhia dos pacientes. “Inicialmente todos chegam apreensivos e inseguros, pois além da situação em que se encontram, não conhecem o lugar e nem as pessoas que ali estão. Nós, os profissionais da assistência, procuramos fazer com que se sintam acolhidos ao mesmo tempo em que prestamos nosso atendimento. Inserimos assuntos do nosso dia a dia e estimulamos eles a conversarem também, desta forma criando um vínculo além do cuidado técnico. Eles acabam percebendo que não estamos ali agindo exclusivamente como profissionais, e sim, doando empatia e solidariedade para a recuperação plena deles.” pontua a fisioterapeuta Naiara.

Os profissionais de saúde são responsáveis também por manter o elo entre o paciente e sua família durante o período de tratamento. “Nós somos os únicos contatos diretos com os pacientes lá dentro, por isso, eles tendem a ver em nós o apoio e suporte que precisam nesse momento difícil ao qual precisam enfrentar longe de seus familiares. No entanto, tentamos ao máximo fazer uma ponte de ligação entre família e paciente através de um projeto de humanização pensado e desenvolvido juntamente com o Serviço de Psicologia, onde realizamos chamadas de vídeo para a comunicação verbal e visual entre ambos” evidencia a enfermeira Vera.

Os sorrisos e olhares por trás de cada máscara se tornaram conhecidos agora pelos pacientes do Hospital de Clínicas, através do projeto “Sorriso por trás da máscara”, ação que reforça e torna visível o vínculo estabelecido em cada gesto de cuidado. 

Créditos: Diogo Zanatta/Divulgação e Redação da Rádio Uirapuru.


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